sexta-feira, 25 de março de 2011

Em quais valores você se enquadra?

              Muitos podem supor que o autor do texto está equivocado ao lançar como título tal indagação. Afirmo aos ilustres leitores que não cometi equívoco algum. Foi proposital; um chamamento à reflexão. Sabem por quê? Porque, hoje, o homem não é apenas o mero explorador e predador da natureza. Ele é o artífice e ao mesmo tempo produto desta fábrica global chamada “sociedade dos valores artificiais”.
Creio que este contínuo mecanismo de desconstrução natural tem propiciado mudanças marcantes não apenas no espaço geográfico tecnificado, mas também no comportamento de pessoas. Estamos vivenciando um dinâmico processo de artificialização das relações sociais. Estaria o homem perdendo a sua essência?
Por sermos um molde do capitalismo, somos tratados como peças; manipulados como bonecos; como robôs controlados, às vezes obrigados a seguir preceitos contrários aos nossos ideais de vida. Tudo em troca de um determinado valor que recebemos.
Somos valorizados! Isso é importante, reflete o leitor. Parece que o cronista, agora está falando algo coerente!
Digo. Amigo, não é este o valor que você deve está imaginando - valores como a moral; a ética; a idoneidade; a espiritualidade; a gratidão; a fraternidade etc., herdados de nossos ancestrais. Infelizmente, estes são nobres princípios cada vez mais esquecidos e às vezes substituídos por novos “paradigmas da modernidade”.
Falo do valor material, o “rótulo financeiro” que o mundo impõe a cada ser, uma espécie de “DNA capitalista”. Como diz o ditado: “Você vale pelo que tem”. Seu prestígio social é proporcional às suas posses, ou seja, pelo tamanho e qualidade de seus bens (montante das aplicações financeiras; valor do contracheque; imóveis; automóveis; fazenda; jóias etc.). 
É gesto louvável daquele que, nos dias de hoje, preza por indeléveis valores como a honestidade; a fraternidade; o amor incondicional ao próximo; a boa formação familiar; o otimismo etc. Mas, infelizmente, se o indivíduo não for possuidor de razoável patrimônio material e financeiro, ou nem mesmo se enquadrado num bom emprego, pode esquecer! Amigo, você é carta fora do baralho! Você não faz parte deste jogo de seduções! Perdoe-me pela sinceridade, mas os hipócritas vão lhe intitular de “pé rapado”.
Neste mundo materialista, habitado por idólatras do dinheiro; por mercenários e por aqueles que almejam a todo custo levar vantagem sobre o outro, ser apenas bom sujeito não basta. É preciso ter “bala na agulha” se não desejar ser classificado de fracassado social.
Quero enfatizar que sou contrário a essa estrutura social doentia onde os menos abastados são estigmatizados. Há de se reconhecer que este capitalismo, que a todo instante se reinventa, trouxe muitas benesses. Mas não podemos esquecer que cicatrizes continuam sendo abertas por força deste modo de produção desigual, onde reina absoluto o “soberano senhor dinheiro”.
Antônio Pereira de Araújo - Professor
“Não existe absolutamente nenhuma diferença entre eles [indivíduos e mercadorias], contanto que se tome a determinação formal, e esta ausência de diferença é sua determinação econômica, a determinação na qual se acham uns aos outros em uma relação de comércio; é o indicador de sua função social ou da ligação social que há entre eles”. (ADORNO,1986)
“As ideologias expressam situações e interesses radicados nas relações materiais, de caráter econômico, que os homens, agrupados em classes sociais, estabelecem entre si” (MARX, 1996).
Edição Blog do Pessoa 

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