segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bin Laden está morto e seu corpo está com os EUA, confirma Obama

Da Folha de São Paulo
O líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden, está morto e seu corpo está em posse das autoridades norte-americanas, confirmou neste domingo, em pronunciamento, o presidente Barack Obama.
“A justiça foi feita”, afirmou Obama ao anunciar oficialmente que os Estados Unidos mataram Bin Laden, de 54 anos, organizador dos atentados terroristas às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2001.
De acordo com ele, a morte decorreu de uma ação de inteligência do Exército dos EUA em parceria com o Paquistão, que localizou o terrorista na última semana. Neste domingo, segundo o presidente, foi dada a ordem para que uma equipe americana capturasse o líder terrorista. “Esse é um dia histórico para as duas nações”, disse Obama. 
Assim, Bin Laden foi morto neste domingo em uma mansão nos arredores de Islamabad, após ação de um pequeno grupo de soldados americanos. Obama afirmou que nenhum foi ferido na operação.
Fontes do governo disseram à agência Reuters que o corpo de Bin Laden será tratado de acordo com as tradições islâmicas. De acordo com a Reuters e a CNN, o local do ataque foi a cidade de Abbotabad, a cerca de 50 quilômetros de Islamabad.
Funcionários do governo americano afirmaram que outros três homens e uma mulher teriam morrido no ataque, que teria durado 40 minutos.
Um dos homens seria um dos filhos do terrorista. Outros dois trabalhavam como mensageiros para Osama. A mulher teria sido morta ao ser usada como escudo humano. Ainda não havia confirmação oficial.
Após relembrar a dor dos ataques de 11 de Setembro de 2001, Obama disse que a captura de Bin Laden foi um dos maiores trunfos de seu governo. Ele revelou ter determinado ao diretor da CIA (agência de inteligência americana) que tornasse a captura de Bin Laden uma prioridade.
“Finalmente, na última semana, eu determinei que nós tínhamos informações suficientes para agir”, disse Obama. “Nós podemos dizer para todas as famílias que perderam entes queridos que a Justiça foi feita.”
“Os Estados Unidos realizaram uma operação que matou Osama bin Laden, o líder da Al Qaeda e o terrorista responsável pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças”, afirmou Obama.
Isso representa uma grande conquista para Obama e sua equipe de segurança nacional, no momento em que muitos norte-americanos já haviam perdido as esperanças de que Bin Landen seria algum dia encontrado.
Centenas de pessoas estão concentradas na frente da Casa Branca, em Washington, para comemorar com gritos de alegria e mensagens patrióticas a morte. Seguram bandeiras, cantam o hino nacional e bradam “USA”.
Procurado desde 2001
O antecessor de Obama, George W. Bush, prometeu repetidas vezes levar Bin Laden à Justiça “vivo ou morto” pelos ataques de 11 de Setembro, que deixaram quase 3.000 pessoas mortas, mas não consegui fazê-lo antes de deixar o cargo no início de 2009.
Autoridades dos EUA disseram que após procurar em vão pelo líder da Al Qaeda desde seu desaparecimento no Afeganistão no final de 2001, o extremista saudita foi morto na cidade paquistanesa de Abbotabad e seu corpo foi recuperado.
Ter o corpo pode ajudar a convencer os céticos de que Bin Laden está realmente morto.
Ele era procurado desde que escapou de soldados dos EUA e milícias afegãs em uma grande operação nas montanhas de Tora Bora, no Afeganistão, em 2001.
Seu paradeiro era incerto desde então, e várias autoridades de inteligência acreditavam que ele havia se escondido no Paquistão.
Mesmo na clandestinidade, Bin Laden usava vídeos para atacar o Ocidente e estimular militantes islâmicos.
Além do 11 de Setembro, Washington também relacionou Bin Laden a uma série de ataques, incluindo os atentados às embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998, e o ataque ao navio de guerra USS Cole no Iêmen, em 2000.
Bin Laden estava nas listas dos dez principais terroristas procurados pelo FBI antes de 2001, em função dos atentados contra embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, na África. O ataque aos Estados Unidos, há quase dez anos, foi o primeiro desde o bombardeio japonês a Pearl Harbour, no Hawai, em 1941. A operação de 11 de setembro de 2001 envolveu o seqüestro de quatro aviões comerciais, lançados contra as torres do World Trade Center, em Nova York, e a sede do Pentágono, em Arlington. O número de mortos chegou a 2.974, além dos 19 sequestradores.
A resposta do então governo de George W. Bush marcou o início da Guerra ao Terror, que continua em curso. Aliado à Al-Qaeda, o regime do Taliban, no Afeganistão, foi deposto. Operações militares e de inteligência prenderam e mataram líderes e seguidores dos grupos extremistas islâmicos que deram cobertura a Bin Laden e a sua organização. O terrorista de origem saudita negou ter liderado o ataque aos EUA até 2004, quando admitiu sua responsabilidade e informou ter-se inspirado no ataque de Israel a torres de Beirute durante a Guerra do Líbano, em 1982.
Perfil
O obscuro ex-colaborador da CIA tornou-se sinônimo de terrorismo na década. Engenheiro civil, é um dos cerca de 50 filhos do construtor saudita Mohammed bin Laden.
Osama bin Laden iniciou sua carreira no Afeganistão nos anos 70, ajudando os EUA a expulsar tropas soviéticas. Criou a Al Qaeda (a base, em árabe) em 1998 e no mesmo ano mostrou seu cartão de visitas explodindo embaixadas americanas no Quênia e Tanzânia.
Em 2001 veio sua ação mais espetacular, contra as Torres Gêmeas e o Pentágono. Virou alvo número um dos Estados Unidos, procurado vivo ou morto. Esteve por trás, ou serviu de inspiração, para ataques em países tão diversos como Espanha, Indonésia, Marrocos e Turquia.
Suas mensagens mobilizam radicais pelo mundo todo. Sua ação mudou a forma como se faz guerra, como se protegem liberdades e como se inspecionam bagagens.
Mais procurado do mundo
Após os atentados em NY, ele se tornou o homem mais procurado do mundo, com uma recompensa de US$ 25 milhões por sua cabeça. Desde então, passou a ser buscado por dezenas de milhares de soldados dos Estados Unidos e do Paquistão.
Nesse período, Bin Laden reaparecia episodicamente em gravações de áudio e vídeo ao longo dos anos, alto, magro, sempre usando barba. Boatos sobre seu paradeiro, estado de saúde e possível morte sempre surgiam.
Bin Laden nasceu na Arábia Saudita em 1957, em uma família de mais de 50 irmãos. Ele era filho do magnata da construção Mohamed bin Laden. Seu primeiro casamento foi com uma prima síria, aos 17 anos. Acredita-se que ele tenha tido 23 filhos com ao menos cinco esposas.
Bin Laden utilizou sua fortuna para financiar a Jihad (guerra santa) contra os soviéticos e depois contra os americanos. Em 1973, entrou em contato com grupos radicais islâmicos. Após a invasão soviética do Afeganistão em 1979, viajou para este país para combater os invasores com o apoio da CIA, a Agência Central de Inteligência americana. Sua organização, a al-Qaeda (“A Base”), foi fundada em 1988, um ano antes da retirada soviética do Afeganistão.
Em 1989, ele voltou à Arábia Saudita. Após o estouro da guerra do Golfo em 1991, ele criticou a família real por ter autorizado o desembarque de soldados americanos em território saudita, posição que lhe rendeu o status de persona non grata no seu próprio país.
Instalou-se então no Sudão, onde os serviços americanos de inteligência o acusaram de financiar campos de treinamento de terroristas. Em 1994, foi definitivamente privado da nacionalidade saudita.
Em 1996, o Sudão, submetido à pressões americanas e da ONU, pediu a Bin Laden que fosse embora do país. Ele foi então para o Afeganistão, onde organizou uma dezena de campos de treinamento e passou a lançar apelos contra os Estados Unidos.
A ação mais espetacular que lhe foi atribuída antes do dia 11 de setembro foi um ataque contra as embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, no dia 7 de agosto de 1998, que causou 224 mortos e milhares de feridos.
Em 1999, ele foi incluído na lista da Birô Federal de Investigações americano (FBI) entre as dez pessoas mais procuradas do mundo.
Bin Laden também foi acusado de ter ordenado o ataque contra o navio americano “USS Cole” no Iêmen, que fez 17 mortos em outubro de 2000.

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