sábado, 28 de maio de 2011

Sarney Filho critica texto do Código Florestal, mas se omite nas graves questões ambientais do Maranhão

Do Ucho.Info
O deputado Sarney Filho (PV-MA) foi ministro do Meio Ambiente no governo de Fernando Henrique Cardoso. Em uma das visitas oficiais que fez ao seu estado natal como ministro, o filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou que o Maranhão não dispunha mais de florestas nativas.
A declaração foi uma meia verdade para ocultar a rapidez com que a destruição dos ecossistemas avança de forma acelerada no estado que divide o Nordeste da Amazônia Legal. Até mesmo os Lençóis Maranhenses, cartão postal do turismo local, corre sério risco de destruição.
A ausência do parlamentar do PV nos raríssimos debates locais sobre o Código Florestal Brasileiro poderia ser justificada por suspeitas que o site ainda não pode comprovar. Sarney Filho seria sócio oculto de empreendimentos agropecuários na região Sul (Açailândia e Balsas) e no Sertão Maranhense (Chapadinha), onde ainda existem florestas do cerrado. Em tais áreas, empreendimentos de soja, milho e outras culturas devastaram grandes áreas em nome de um novo eldorado agrícola brasileiro.
O Maranhão tem cerca de 80% do seu território como reserva legal e, portanto, sofrerá todos os impactos restritivos da nova legislação. Os problemas serão ainda maiores, porque a atuação da maioria dos agricultores é de natureza familiar e de subsistência. Mas nem por isso os maranhenses foram provocados pelos discursos ambientalistas de Sarney Filho.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama, o Maranhão abriga os biomas Amazônico, cerrado e caatinga, além do ecossistema costeiro e marinho. Apenas 0,3% do território estadual é ocupado por Áreas de Proteção Integral, bem abaixo dos 10% recomendados pela União Internacional para Conservação da Natureza.
O Maranhão possui atualmente cinco unidades de conservação federais e 12 estaduais. Entre as unidades federais de proteção destacam-se: o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, a Reserva Biológica do Gurupi e o Parque Nacional das Nascentes do Parnaíba. Fazem parte das áreas estaduais de conservação o Parque Estadual Marinho do Parcel Manuel Luís, o Parque Estadual do Mirador e o Parque Estadual do Bacanga, estes últimos abandonados pela administração estadual.
Desde que assumiu a bandeira verde, Sarney Filho tem uma participação ativa nos grandes debates nacionais sobre o meio ambiente. Sua atuação, no entanto, não é a mesma no Maranhão. Desde que começaram as discussões acerca do novo Código Florestal, o deputado sequer realizou uma audiência pública no estado.
A inexplicável ausência de Sarney Filho nas discussões sobre as políticas de preservação ambiental é maior por conta de sua influência na administração da irmã, a governadora Roseana Sarney (PMDB). O PV é o partido que domina a Secretaria de Meio Ambiente em todos os governos. O atual secretário é o deputado estadual Carlos Victor Guterres Mendes, dileto companheiro das jornadas políticas do parlamentar federal.
No entanto, a secretaria está omissa no debate sobre o Código Florestal. No sítio eletrônico da pasta não há sequer uma linha sobre a proposta do Código Florestal, seja a favor ou contra o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). O mais estranho é que desde setembro do ano passado, apenas uma única referência sobre o Código Florestal está registrada no site do Ministério Público do Maranhão. É um vídeo do “Youtube” postado no dia 11 de abril.

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